sábado, 9 de maio de 2015

Coroné e Mineirim - Causo * Antonio Cabral Filho - Rj

CORONÉ E MINEIRIM
- causo -
 

Dois mineiros, reconhecidamente considerados "adversários", um da cidade - o "Coroné",  outro caipira,  o "Mineirim", se encontraram na única barbearia da cidade.

Lá sentados, lado a lado, não trocaram uma só palavra.
Os barbeiros temiam iniciar qualquer conversa, pois poderia descambar para discussão e o Coroné tinha fama de brabo,  sempre andava armado.

Terminaram a barba de seus clientes, mais ou menos ao mesmo tempo.
O barbeiro que atendeu o Coroné estendeu o braço para pegar a loção pós-barba e oferecer, no que foi interrompido rapidamente por seu cliente, que disse:

--  "Não, obrigado.  A minha esposa vai sentir o cheiro e pensar que eu estive num puteiro..."

O outro barbeiro virou-se para o mineirim:

--  E o senhor? - indagou.

--  "Uai, pó...passá, sô!
     Mia muié num sabe memo como é cheiro de puteiro:
     Ela nunca trabaiô pur lá... "

     A barbearia está fechada até hoje, para reforma  - com os espelhos estilhaçados pelos tiros do coroné".
     O mineirim, "amuntou" na égua e sumiu!  

*

(Colaboração de Ruth Farah, Cantagalo - Rj)