sábado, 20 de agosto de 2016

Coisa De Criança: Folclore Político * Antonio Cabral Filho - RJ

Folclore Político:
Coisa De Criança
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- Pai, eu preciso fazer um trabalho para a escola! Posso te fazer uma pergunta?
- Claro, meu filho, qual é a pergunta?
- O que é política, pai?
- Bem, política envolve: Povo; Governo; Poder econômico; Classe trabalhadora; Futuro do país.
- Não entendi, dá para explicar?
- Bem, vou usar a nossa casa como exemplo: Sou eu quem traz dinheiro para casa, então eu sou o poder econômico. Sua mãe administra e gasta o dinheiro, então ela é o governo. Como nós cuidamos das suas necessidades, você é o povo. Seu irmãozinho é o futuro do país. A Zefinha, babá dele, é a classe trabalhadora. Entendeu, filho?
- Mais ou menos, pai vou pensar.
Naquela noite, acordado pelo choro do irmãozinho o menino foi ver o que havia de errado. Descobriu que o irmãozinho tinha sujado a fralda e estava todo emporcalhado. Foi ao quarto dos pais e viu que sua mãe estava num sono muito profundo. Foi ao quarto da babá e viu através da fechadura o pai transando com ela... Como os dois nem percebiam as batidas que o menino dava na porta, ele voltou para o quarto e dormiu. Na manhã seguinte, na hora do café, ele falou para o pai:
- Pai, agora acho que entendi o que é política...
- Ótimo filho! Então me explica com suas palavras.
- Bom pai, acho que é assim: Enquanto o poder econômico fode a classe trabalhadora, o governo dorme profundamente. O povo é totalmente ignorado e o futuro do país fica na merda!!!

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sábado, 5 de março de 2016

O Caminho De São Tiago * Olavo Romano - Editora Ática 1984

Minas E Seus Casos
Olavo Romano - Ática 1984
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O Caminho De São Tiago

O pai precisava resolver uns negócios na cidade e chamou o filho para ir junto. Fazia muito tempo que Tiãozinho tinha ido a São Tiago a última vez. Estava agora com dez para onze anos, era quase um rapazinho.

Botou arreio novo no Rosilho, com peitoral e rabicho, coxinho e capoteira. Tomou banho geral, vestiu o terno branco, bebeu um café reforçado e, dia amanhecendo, metia o pé na estrada.

Viagem estirada, a bem dizer quatro léguas, oito ida e volta. Coisa pra macho. Por isto ia tão intimado.

Na cidade, chupou picolé e experimentou refresco de groselha. Escutou conversa de homem na farmácia do João Reis, depois deu umas voltas na Praça da Matriz. Comeu lombo de porco com linguiça, tutu de feijão e couve picadinha na pensão do Luis Caputo. Escutou muita música caipira no rádio do Vicente Mendes, enquanto fazia suas compras: um pente "Flamengo", um espelhinho de bolso com escudo do Vasco nas costas, um canivete "Corneta", mais dúzia e meia de bola de gude pra encantar as vistas e invejar os irmãos.

Duas e pouco, tudo resolvido, saía de volta, acompanhando no pequira a marcha larga da Princesa, besta baia de estimação do pai.

Era janeiro, dias quentes e grandes. Chegou em casa com céu ainda claro. Trocou de roupa, jantou, foi pro alpendre conversar com os agregados. Manuel vaqueiro pergunta:
- Comé, Tiãozinho, gostou da viagem?

O menino tinha as pernas raladas, o traseiro doendo daquele estirão de quase oito léguas. Mas trazia a alma cheia de uma novidade muito bonita. Estufou o peito, tomou um ar solene e revelou ao grupo de empregados a sua importante descoberta:
- Olha, gente, quem quiser saber como este mundo é grande, viaje pros lados de São Tiago.
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